O fortalecimento da APM será o fortalecimento do município

O fortalecimento da APM será o fortalecimento do município

Na presidência da APM, Marcos Monti amplia diálogo e quer aprofundar discussões

Desde abril deste ano, Marcos Monti é o novo presidente da Associação Paulista de Municípios (APM) por força do calendário eleitoral que determina a desincompatibilização de cargos públicos por parte daqueles que serão candidatos nas próximas eleições, caso do ex-presidente Celso Giglio.  Com seu jeito calmo, analítico e bom ouvido, aos 47 anos, Marcos Monti vai acumular as funções de prefeito da cidade de São Manuel e de presidente da APM. Ele sabe das dificuldades e desafios que terá pela frente nas duas situações. Por isso, já inicia seus trabalhos com o pé na estrada, sendo um dos seus compromissos a Marcha à Brasília, na qual prefeitos de todos os pontos do País vão ao Governo Federal levando suas importantes demandas. Marcos Monti sonha com uma entidade cada vez mais forte,  mais intensa nos seus vínculos com as cidades e prefeitos. Nesta entrevista a Municípios de São Paulo, Monti fala dos seus planos para os próximos anos iniciando com uma análise da formação dos municípios no Brasil.

Precisamos unir
nossos esforços no sentido de fazer com que as prefeituras
planejem melhor

Por que a vida dos municípios se tornou tão difícil no Brasil?

Antes de mais nada, temos uma larga história que precisamos entender. Como surgiram os municípios no Brasil e fora do Brasil? Vou resumir: no Brasil os municípios surgiram como uma espécie de continuação ou ampliação das fazendas, ou seja, como extensão de um tipo de poder organizado em torno do patriarca. Fora do Brasil, os municípios surgiram como resultado das comunas, pequenos agrupamentos humanos que se organizaram e dos quais resultaram as cidades.

Essa característica histórica ainda nos causa problemas?

Eu acho que sim, mesmo tendo passado por transformações. Temos uma longa história de aglomerados urbanos que se fazem sem planejamento, ou que resolvem com mau planejamento questões importantes. E mais do que isso, fora do Brasil os municípios nasceram como uma união de forças para preservar seus direitos frente ao ente maior, o Estado. Veja que mesmo com todo o peso do regime nazista, a força dos municípios alemães, só para citar um exemplo, foi respeitada, com os municípios sendo considerados no mesmo nível do Estado, fazendo sua receita e seu plano de investimentos e pagando à União aquilo que devem, mas sem comprometer seu próprio plano de investimentos.

O é preciso para que os municípios brasileiros cheguem ao mesmo nível?

Temos uma missão pela frente. Aprofundar o vínculo com as prefeituras e com os prefeitos. Note que eu faço uma distinção: a prefeitura precisa prestar serviços de maior qualidade e o prefeito precisa ter um norte claramente demarcado a partir desse diagnóstico. Lembre-se que 70% dos municípios brasileiros tem menos de 30 mil habitantes. Ou seja, estamos precisando unir nossos esforços no sentido de fazer com que as prefeituras planejem melhor e executem melhor. Todo bem público que é feito e refeito custa mais caro.

Quer dizer que no plano técnico as prefeituras ainda precisam de ajuda?

Há duas realidades. A das grandes cidades e a das pequenas cidades. Mas observe com atenção e verá que mesmo nas grandes cidades há problemas sérios de planejamento e de execução. Por isso mesmo é que a APM vai aprimorar tudo o que faz, dos congressos técnicos, como CBTIM, aos congressos mais gerais, como o anual, que será o de número 59 no ano que vem. A meu ver o fortalecimento da entidade será o fortalecimento do município”.

Não acha que deveria haver maior participação do cidadão?

O cidadão brasileiro está sobrecarregado. Somos eleitos para resolver os problemas do cidadão. Eu sou prefeito, estou voltando à prefeitura e tenho uma montanha de reivindicações para atender. E imagino como é difícil para o munícipe entender os problemas administrativos, as limitações do orçamento, as leis e os mecanismos de controle que cercam os municípios. Por que exigir mais do cidadão? Sim, esperamos elevar permanentemente o grau de consciência de todos os atores sociais, isto vai do mais simples morador ao mais alto cargo do País. Tenho a convicção de que o cidadão ajudará mais à medida que receber melhores serviços públicos.

Já houve tempo para alguma providência nesse sentido?

Desde o primeiro dia estamos empenhados em ampliar as relações institucionais e os serviços de orientação. Fechamos parcerias, discutimos internamente novos projetos. Ainda é cedo para promessas mas estamos redefinindo os critérios temáticos de certos eventos. Vamos adotar os mais modernos instrumentos tecnológicos para ajudar os municípios.

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